sábado, 1 de maio de 2010

Estranhezas...


Que estranho... Quem nunca se deparou com alguma situação em que tenha declarado com espanto: que estranho! Ou ainda: que diferente! A bem da verdade, consideramos estranho e diferente tudo aquilo que diverge do nosso padrão de normalidade. Assim, qualquer circunstância, ser ou objeto que não se enquadre na nossa configuração de normalidade, é por nós tratado como estranho.

Mas então, o que seria essa tal normalidade? O conceito de normalidade está ligado à diversos fatores, que caminham do macro para o micro, por exemplo: o conceito caminha pela cultura de um povo, pela herança cultural familiar, pela educação que se recebe e mais tarde, com a formação do indivíduo e a manifestação de suas tendências, suas opções pessoais.

Para a medicina e a psicologia, é fato, que os conceitos ideais de normalidade são surreais, porque não haveria circunstância ser ou objeto que se enquadresse perfeitamente à ele. Desta forma a aplicação do conceito absoluto de normalidade é algo comprometido, porque desta forma, não haveria ser “normal”. A própria literatura faz referência a um evento deste porte, em O Alienista, quando o personagem Simão Bacamarte, médico, chega em uma cidade e acaba internando a todos, até sua esposa, por acreditá-la louca. Na verdade, aqueles “pacientes” de Simão Bacamarte eram pessoas “normais”, contudo, suas pequenas particularidades em nível de personalidade, foram enquadradas como “loucuras”.

Há ainda, repensando em nível de alguns ramos científicos, a estranheza em se observar planetas e questionar suas semelhanças e diferenças, dizer que é estranho por ser diferente, perguntar se há possibilidade de vida ali, ou ainda, como são estranhas algumas estruturas e comportamentos planetários! Estranho é não ver a matéria escura e ter convicção dos seus efeitos...

Mas pense bem, estranho mesmo, não é olhar pra fora, mas sim, estar de fora e olhar para dentro. Já pensou, como é estranho olhar um planeta modesto no sistema solar, com atmosfera gasosa, azul, cheio de água e chamá-lo de Terra? Como é estranho, mergulhar neste planeta e encontrar um ecossistema regulador de temperatura feito de água, que são os oceanos? Ainda mais estranho é encontrar um ser vivo, que não pertence a nenhum reino definido, como os vírus? O cúmulo da estranheza é encontrar o reino vegetal, verde de clorofila ou colorido de caroteno, que pega nitrogênio + água + luz e transforma isso em comida!!! Isso, sem dizer dos animais “irracionais”, que se adaptaram perfeitamente à 200 milhões de anos de história, sobreviveram a eras glaciais e acidentes geológicos de toda espécie...

Agora, nada mais diferente e estranho neste universo, que olhar um corpo de cerca de 100 trilhões de células que pensa! Que sente, que tem emoção... Que transmite ao outro suas convicções, cultura, etc. Que é capaz de mudar as estruturas a sua volta...

Isso seria o cúmulo das estranhezas ou, estranho mesmo seria não respeitar e admirar as diferenças?


As fotos são, de cima para baixo: Planeta Terra e a Lua e Célula Tronco.

Um comentário:

Unknown disse...

Estar de fora e olhar para dentro é uma das grandes missoes que temos que exercitar enquanto seres encarnados neste planeta.
Belas reflexões as suas...
Parabéns.
Bjs
Érica.